Resenha: Becos da Memórias - Conceição Evaristo
- Samantha Santos
- 9 de jun.
- 2 min de leitura
Conceição Evaristo mais uma vez mostra a sua essência e a verdade da população brasileira através dos seus livros

Todos que me conhecem sabem como sou apaixonada pela maravilhosa Conceição Evaristo, desde que conheci a sua obra “Os Olhos D’água”, que se tornou um dos meus livros preferidos da vida. Mas dessa vez estou aqui para falar do aclamadíssimo “Becos da Memória”, uma história que retrata o crescimento das favelas de BH e os seus moradores nos anos 80.
Neste livro acompanhamos a vida de Maria-Nova, jovem que cresceu em uma comunidade em Belo Horizonte, uma cidade que nos anos 80 recebia pessoas de várias partes do Brasil para construir a grande metrópole conhecida hoje. Ao embarcarmos, no olhar atento da pequena jovem, vemos as histórias de seus vizinhos e suas vidas que vão mudando em um lugar onde o básico nem sempre chega.
As histórias contadas são muitas, como um soco de realidade no desalento das favelas em crescimento, ainda mais com a ameaça da construção civil, que querem desapropriar o local para a construção de um novo condomínio, nada que não seja diferente com o que temos hoje em 2025.

O crescimento das favelas e o crescimento das cidades nos faz questionar as histórias que temos pelos becos e foi assim que Conceição Evaristo começou a escrever essas histórias, com o que acompanhamos diariamente, das famílias lutando pelo seu direito de moradia e lutando pelo direito de simplesmente existir em uma sociedade onde nem sempre quer a sua permanência.
Beco da Memória é um livro que retrata a verdade, a luta do morador da favela, a luta do povo preto e a perseverança do trabalhador brasileiro, que a cada dia só quer poder voltar para casa com o dinheiro do pão para a sua família sem ser acertado por uma bala perdida.
“ - Menina, o mundo, a vida, tudo está aí! Nossa gente não tem conseguido quase nada. Todos aqueles que morreram sem se realizar, todos os negros escravizados de ontem, os suportamente livres de hoje se libertam na vida de cada um de nós, que consegue viver, que consegue se realizar. A sua vida, menina, não pode ser só sua. Muitos vão se libertar, se realizar por meio de você. Os gemidos estão sempre presentes. É preciso ter os ouvidos, os olhos e o coração abertos.“
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