Resenha: Azul é a Cor Mais Quente - Jul Maroh
- Samantha Santos
- 2 de jun.
- 2 min de leitura
Jul Maroh mostra que o amor pode ser muito mais que vermelho e, sim, azul como os cabelos de uma bela mulher francesa
A HQ do escritor francês Jul Maroh, autor de "A Azul é a Cor Mais Quente", é um daqueles livros que você lê e nunca mais esquece, eu pelo menos nunca mais esqueci desde que li pela primeira vez. Uma história verdadeira mais atual, que mistura o amor com o medo de não ser aceito como verdadeiramente é por aqueles que amam.

Clémentine é uma jovem que aos 15 anos ganhou um diário de presente dos seus pais, no qual ela prometeu para si própria que dessa vez iria manter até o final. O presente veio ao mesmo tempo que as suas dúvidas estavam ficando mais difíceis e a sua vida se misturava em descobrimento e verdades que seriam difíceis de dizer para si própria.
Ao meio tempo que ela tenta entender a sua sexualidade, Emma aparece na sua vida, de uma forma despretensiosa e de uma certa forma mágica, não para confundir a sua cabeça, como ela acha, mas sim para afirmar as suas certezas. Com a ajuda de Valentine, o seu amigo da escola que passa pela mesma incerteza e revolução dentro de si, e de Emma, que vai virar muito mais que uma mulher de cabelos azuis que veio colorir o seu mundo preto e branco.
Emma vai mostrar que os sentimentos dentro de Clémentine são muito mais reais e verdadeiros do que ela poderia imaginar. Com a sua ajuda, ela vai se entender e se aceitar.
"Azul é a Cor Mais Quente", é muito mais que a história de uma adolescente que está se descobrindo, mas sim de alguém que não tem medo de lutar por aquilo que ama, porque afinal de contas correr riscos é lutar por um amor que tem dentro de si em primeiro lugar. O risco de enfrentar quem se ama para correr atrás do seu amor também é um ato de amor-próprio.

Jul Maroh simplesmente convenceu a crítica e o público com o seu jeito carinhoso de retratar essa história através dos desenhos, todos passam as incertezas e certezas que a história requer. Os traços finos, o preto e braco quando Clementina contava a sua história, e claro, o Azul, que sempre estava forte em todas as páginas, é como se o azul contasse essa história e, quando ele some, dá espaço para outras cores e outros sentimentos.
O autor tinha uma visão para o final que por muito tempo tentei relutar, mas agora entendo, ainda mais após ler Shakespeare. Posso afirmar que é uma bela tragédia romântica, não basta todo o amor durante o caminho e as escolhas feitas para a história, mas, sim, a sua missão até ali. O que ficou para o final foi a saudade, mas além de tudo é saber que amou e foi amada como deveria. O amor foi vivido e lutado como uma bela tragédia romântica, mas agora escrita por Jul Maroh.
Um fator histórico que acho interessante colocar: a França só descriminalizou a Homossexualidade nos anos 80, e o primeiro casamento só foi acontecer em 2013, após anos de lutas e protesto, e até 1990 ainda era considerada doença pela ONU.
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