Resenha: A Garota que Você Deixou para Trás - Jojo Moyes
- Samantha Santos
- 19 de jun.
- 3 min de leitura
A escritora Jojo Moyes mais uma vez entrega uma história consistente e brilhante a través do seu conhecimento
Já disse uma vez e volto a repetir, JoJo Moyes é o tipo de escritora que sabe incluir qualquer assunto em uma história, além disso, a uma história de romance. Em “A Garota que você Deixou para Trás” ela foi muito mais além do que poderíamos imaginar.
Neste romance embarcamos em uma história que viaja entre o passado e o presente. Começamos indo para a França em 1916 e voltamos para Londres em 2006, uma história separada por um século de duas mulheres que tiveram os seus destinos mudados para sempre com um simples ato no qual elas não tiveram culpa. Antes de chegarmos à história em si, temos que dar uma breve visita à França da Primeira Guerra Mundial.
A Primeira Guerra Mundial aconteceu entre os anos de 1914 a 1918, com o principal foco nos países da Europa. A escritora Jojo Moyes resgata mais o começo da Guerra, quando as tropas alemãs invadem o norte da França, na primeira fase da guerra, a chamada Guerra de Movimento, com o chamado Plano Schlieffen, elaborado pelo Alfred von Schlieffen para desestabilizar as tropas francesas e futuramente dominar a capital Paris.
Um pequeno spoiler seria que a França conseguiu impedir o plano dos alemães de avançar para Paris, dando início para a Guerra das Trincheiras, que duraria por quatro anos, até o final da Guerra, com a vitória da Tríplice Entente: formada por Rússia, Grã-Bretanha e França.

Com isso, conhecemos Sophie Lefèvre, uma jovem mulher que tenta manter a vida nos eixos durante a Guerra e cuida dos negócios da família, após o marido ter que servir ao exército, assim como a maioria das mulheres em St. Péronne, na região de Altos da França. Ali, a vida foi toda reformulada quando os alemães invadiram a cidade e tomaram conta das propriedades, dinheiro e comida. Sophie Lefèvre se vê no centro desse grande infortúnio, quando um dos Kommandant se agraciou por ela, e pela pintura que o seu esposo Édouard pintou dela no dia do seu casamento.
Aquela Sophie não existe mais, ela tinha as bochechas coradas e o cabelo saudável, agora só sobrou uma Sophie que luta para não morrer de fome e luta para saber o paradeiro de seu amado marido. Mas o Kommandant que irá mostrar um lado diferente para ela, vai fazer todos ao seu redor desconfiarem dela, até ela mesmo.
Voltamos para os anos 2000, mais precisamente para 2006, onde somos apresentados a Liv Halston, uma mulher que tenta superar a morte do marido, mesmo já se passando 4 anos da sua perda. Morando em um bairro nobre de Londres e em uma casa com arquitetura sem igual construída pelo falecido esposo, Liv tenta organizar as contas bancárias com a sua situação atual.
Mesmo a única coisa que importa para ela é o quadro de bela moça que está na sua sala, sendo um presente da Lua de Mel. Quem poderia imaginar que aquele quadro onde ambos encontraram que estava para ser jogados fora fosse trazer tantas reviravoltas, ainda mais por Pul, um ex-policial que agora é investigador profissional, que cuida de casos sobre objetos roubados e é o seu único interesse durante esses 4 anos após se conhecerem em um bar Gay.
Mais do que isso, Liv descobre quem é Sophia, a mulher daquela arte a quem ela sempre admirava e questionava. E para se manter com ela, vai ter que travar uma batalha judicial com os parentes de Sophia.
Jojo Moyes sempre traz assuntos relevantes às suas histórias, isso não podemos negar, mas nesse aqui ela me surpreendeu. Tratando de um assunto delicado, a quem pertence às obras de artes roubadas durante a Guerra? Obviamente são os seus legítimos donos, os que foram usurpados, porém, na história, ela transfere o apego de uma pessoa que não tinha culpa do que havia acontecido antes e não é oriundo de pessoas que os cometeram. Porque isso é muito importante. Enfim, só lendo para cada um manter o seu veredito.
Além disso, Jojo traz uma história de guerra que é pouco comentada e mostra o seu amplo conhecimento em vários assuntos e temas da história: os personagens são complexos, as dores são reais e as suas atitudes são fortes, toda reviravolta é necessária e glorificada diante da história que somos apresentadas te prendendo desde o começo. Poderia ficar horas falando como cada personagem secundário é necessário para a história.
Esse é aquele livro de romance que vejo que a escritora Jojo Moyes usou toda a história e o talento a seu favor, mostrando que dá para fazer uma história inteligente e romântica, usando o mais real que podemos ter e trazendo conhecimento e curiosidade para os leitores.
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